“Tenho uma pedra na cabeça”
Ao Daniel Rocha
O homem ser esquisito
pensa e escreve
Como quem respira o ar quente da noite
Onde as gotas de pedra fazem eco na solidão dos pensamentos.
No sótão lugar frio onde os livros
são pedras que se expandem
e fogem ao tiro natural da Biologia
provoca o sangramento das palavras
e restam-lhe as impressões da tarde.
Mas da conjugação dos astros – leia-se influências -
quando o homem chora
antes que seja tarde
surge o escultor de pedras/ideias, estatuário.
O poeta, escultor de frases manufacturadas,
grita que é proibido não proibir
e que é preciso matar o abafamento das palavras.
Os novos jogadores de xadrez substituem palavras por pedras
e, qual Sísifo, enfrentam o destino
na luta desigual de David e Golias.
Presos no labirinto dominam o Minotauro
embora o Narciso interior os faça caminhar
para o domínio de um Eros construtor de imagens
e de sensações persistentes como um formigueiro
em que as ideias são emanadas pelo pó das pedras.
Ou, então, - é o poeta quem diz - nada disto!
12.02.2015
J M