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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Pequeno Poema

sebastiao_da_gama.jpg

 

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouquceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

Sebastião da Gama, Serra-mãe

[Este poema anda pela net erradamente atribuído a José Régio.]

Viesses tu, Poesia

sebastiao_da_gama.jpg

(1924-1952)


Viesses tu, Poesia 
e o mais estava certo. 
Viesses no deserto, 
viesses na tristeza, 
viesses com a Morte...


Que alegria mereço, ou que pomar, 
se os não justificar, 
Poesia, 
a tua vara mágica?


Bem sei: antes de ti foi a Mulher, 
foi a Flor, foi o Fruto, foi a Água... 
Mas tu é que disseste e os apontaste: 
- Eis a Mulher, a Água, a Flor, o Fruto. 
E logo foram graça, aparição, presença, 
sinal...


(Sem ti, sem ti que fora 
das rosas? 
Mortas, mortas pra sempre na primeira, 
mortas à primeira hora.)


Ó Poesia!, viesses 
na hora desolada 
e regressara tudo 
à graça do princípio...

 

Sebastião da Gama