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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

A litania da ausência - João Rasteiro

e depois os pássaros irão

                         povoar de ti novas ilusões

                                                  Ruy  Belo

 

 

Falta-me a pureza do ar

nas obscuras palavras do meu país

e nas viscerais margens de um país,

 

e entrementes foi espigando o desamor

que a flor também desperdiçou

o meu desamor foi espigando desumano

em ufano país de lúcida quietude

enclausurado numa túnica de impuro sangue

enquanto os animais perduram

na mais recôndita paisagem das chuvas.

 

Falta-me o fingimento do verbo

nos obscurecidos poemas da minha plebe

e nos íntimos litorais de uma plebe,

 

falta-me a artificial puridade de Ruy Belo

indicando-nos a sua e nossa simetria de morte,

              

a mais galopante simetria de morte de um país.

 

[Retirado daqui: http://nocentrodoarco.blogspot.com/2011/11/canticos.html ]