Aves, flores, saudades
(1884 - 1968)
Sol a sol, desde a serra até ao mar,
Das pegas-rabilongas às gaivotas,
A orquestra alada, requintado as notas,
De nascente a poente é só tocar:
Ocarinas em fila – terras-cottas
Em beirais de telhado; à beira-mar,
Flautas de abibes; harpas de luar
Em garças ribeirinhas, nas marnotas;
Ao longo das ribeiras são as filas
Dos violinos – sílvias e fringilas –
Violetas, violas-trissonoras
E no alto do céu, flamas em jogo,
A regê-los, o Pássaro de Fogo
Peneira as grandes asas criadoras.
Emiliano da Costa, “Concerto ao ar livre”