Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranqüila, - Perdida voz que de entre as mais se exila, - Festões de som dissimulando a hora
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila E os lábios, branca, do carmim desflora... Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detém. Só modulada trila A flauta flébil... Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranqüila, - Perdida voz que de entre as mais se exila, - Festões de som dissimulando a hora
Na orgia, ao longe, que em clarões cintila E os lábios, branca, do carmim desflora... Só, incessante, um som de flauta chora, Viúva, grácil, na escuridão tranquila.
E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora, Cauta, detém. Só modulada trila A flauta flébil... Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho, Onde esperei morrer - meus tão castos lençóis? Do meu jardim exíguo os altos girassóis Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?
Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!) A mesa de eu cear - tábua tosca de pinho? E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho? - Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...
Ó minha pobre mãe!... Nem te ergas mais da cova. Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova... Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.
Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais, Alma da minha mãe... Não andes mais à neve, De noite a mendigar às portas dos casais.
Foi um dia de inúteis agonias. Dia de sol, inundado de sol!... Fulgiam nuas as espadas frias... Dia de sol, inundado de sol!...
Foi um dia de falsas alegrias. Dália a esfolhar-se – o seu mole sorriso... Voltavam os ranchos das romarias. Dália a esfolhar-se – o seu mole sorriso...
Dia impressível mais que os outros dias. Tão lúcido... Tão pálido... Tão lúcido!... Difuso de teoremas, de teorias...
O dia fútil mais que os outros dias! Minuete de discretas ironias... Tão lúcido... Tão pálido... Tão lúcido!...
Ó meu coração, torna para traz. Onde vais a correr desatinado? Meus olhos incendidos que o pecado Queimou! Volvei, longas noites de paz.
Vergam da neve os olmos dos caminhos. A cinza arrefeceu sobre o brasido. Noites da serra, o casebre transido... Cismai, meus olhos, como uns velhinhos.
Extintas primaveras, evocai-as. Já vai florir o pomar das macieiras. Hemos de enfeitar os chapéus de maias.
Sossegai, esfriai, olhos febris... Hemos de ir a cantar nas derradeiras Ladainhas...Doces vozes senis.