Volto ao anjo da Guarda: anjo prodigioso das terras altas e frias. pássaro baptismal com a substância múltipla da luz. O iluminar das serras é tarefa árdua porque os brilhos doem como insultos latinos. Pior que isso, e o anjo sabe-o, é ser um artista que devora a própria obra, quando a arte é combustível e o nome é uma espécie de rapaz feminino, alguma coisa que, estando a ser, já não o é. É o que Deus não diz do anjo, o que estabelece em nós, enquanto nervo dos sítios, floração de luz dos mínimos seixos. Já vem o anjo, da Guarda, pelo rosto de cada um de nós, facilitando o que se faz às escondidas, à procura de conferir o que aprendemos. Acendo a luz sobre esta obscuridade. Amo o anjo, e amo-me a mim. Só tu não fazes parte desta história.
Ouvi-a, de tarde, no carro e lembrei-me do Doutor Alberto Dinis da Fonseca! E lembrei-me também das vezes que sonhamos e não nos deixam concretizar (ou não sabemos!)... E a dor que me acompanhou nos últimos tempos e que "me vai levar com ela", ou melhor, tenho de ir com ela - coisas da idade!!!
Eu queria ser astronauta
o meu país não deixou
Depois quis ir jogar à bola
a minha mãe não deixou
Tive vontade de voltar à escola
mas o doutor não deixou
Fechei os olhos e tentei dormir
aquela dor não deixou.
Ó meu anjo da guarda,
faz-me voltar a sonhar
faz-me ser astronauta ...e voar!
O meu quarto é o meu mundo
o ecrã é a janela
Nao choro em frente à minha mãe
eu que gosto tanto dela,
Mas esta dor não quer desaparecer
vai-me levar com ela.
Ó meu anjo da guarda,
faz-me voltar a sonhar
faz-me ser astronauta....e voar!
Acordar, meter os pés no chão
Levantar e dar o que tens para dar
Voltar a rir, voltar a andar
Voltar Voltar
Voltarei
Voltarei
Voltarei
Voltarei