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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

SOPHIA (1919-2019)

Poema para Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Não sei porque floriram no meu rosto
os olhos e os rostos que há em ti.
Floriram por acaso, ao sol de Agosto
sem mesmo haver Agosto ou sol em mim.
Não sei porque floriram: se o orvalho os queima
(Ponho as mãos nos olhos para os proteger!)
Tão estranho! florirem no meu rosto
olhos e rostos que não posso ver.
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Eugénio de Andrade,
Fevereiro de 1946