Soneto tremente
Sou o dos desesperos enfadados.
Há na minh’ alma hortências a fluir.
Se eu pudesse deixar os meus cuidados
Ia-me repousar, ia dormir!
Pressentem-se na luz uns flébeis fados
Como coisa que em breve vai cair…
Eu sinto a dor dos ser’s inanimados.
Eu sinto tudo o que quiser sentir!
Esta sede sem fim de analisar
Acaba sempre em pré-neurastenia.
- Não mais me comover! Não mais pensar!
Fechar os olhos, sem força, parar…
- Que bom viver um sono de água fria,
Com a alma meia morta, a desfocar...
Cristovam Pavia