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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Povoamento

No teu amor por mim há uma rua que começa 
Nem árvores nem casas existiam 
antes que tu tivesses palavras 
e todo eu fosse um coração para elas 
Invento-te e o céu azula-se sobre esta 
triste condição de ter de receber 
dos choupos onde cantam 
os impossíveis pássaros 
a nova primavera 
Tocam sinos e levantam voo 
todos os cuidados 
Ó meu amor nem minha mãe 
tinha assim um regaço 
como este dia tem 
E eu chego e sento-me ao lado 
da primavera 

Ruy Belo, "Aquele Grande Rio Eufrates"