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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Lembrando Cesário

 

Sentado na mesa do café devasso
Olho a paisagem vestida a verde
Extasiam-se-me os olhos no poente,
E revejo a tua Milady, ó Cesário Verde!

 

Sem desprimor para a airosa rapariga
Portuguesa de lei e bem elegante
Que passa simples e descontraída
No seu fato de treino desestressante.

 

Ao longe, as eólicas lutam desesperadas
Contra a força intensa do frio norte
E as árvores, nesta altura, desfolhadas
Agitam os ramos perdido já o porte.

 

E vêem-me à memória uns dias estivais
Cheios de emoções e passeio matutino
Intensos, secos, avessos a vendavais
Iludindo a força secreta do fatal destino.

 

Triste condição humana: efemeridade!
Tudo é passageiro e fugaz e inexorável!
Sensações enganadoras de felicidade!
Ilusões perdidas de uma vida: lamentável!

 

(Sorriso cúmplice de mãe e filha
Que termina em sonora gargalhada,
Foi uma pequena maravilha
Iluminando a tarde enevoada!)

 

JM - 16.03.2010

Foto de José Manuel Monteiro.