In memoriam - Eugénio de Andrade
Em Eugénio
vi as planícies imensas,
as fileiras de mulheres de negro vestidas,
a lama repleta de clássica beleza,
a poesia vestida de luz e de certeza.
De Eugénio
revisitei as mãos envoltas em frutos,
os silêncios desembocados na foz dos afluentes,
os dinheiros que os amantes não tinham,
o rosto precário de uma prosa poética,
e o ostinato rigore dos seus versos.
Com Eugénio
ainda vou da Póvoa até à Foz,
ainda faço da palavra o meu lema,
ainda ouço a sua límpida e clara voz,
ainda me renovo no fabuloso do poema.
J. M.