In Memoriam -1995 / 2020
Há 25 anos não havia trovoada, nem condições para existir, mas a notícia caiu em nós com os efeitos dramáticos da perda. O teu coração parava, depois de uma luta persistente. Deixava-nos a tua essência de pai, orientador da família, de nós. O teu espírito permanece connosco, hoje à distância destes tempos vividos. Continuas vivo porque te lembramos, porque estás em nós, porque estás connosco. Ainda. Enquanto houver memória.
Hoje, quase à beira do fim de um maio específico
fico à espera que a noite te devolva a vida
roubada num dia final como hoje.
Busco em mim as memórias de ti
e vejo-te
no tempo da aldeia
dominante no espírito honesto
de quem doma a terra
dando exemplos pelo exemplo.
Anoiteceste um dia como hoje.
As memórias de ti espalharam-se
pelos espaços que ainda são teus:
a casa, o chão, os cômaros,
os lameiros, os pinhais, ...
sei lá, os espaços marcados
pela tua ternura paterna.
A lua continua lá, mas já não é a mesma.
E a noite opaca revive-te apenas na memória dos gestos.
Fazes-nos falta!
JM - 31.05.2012