*Desesperança
Essa criança esquelética e nua
que encontramos às vezes por aí,
chama-nos egoístas a mim e a ti
quando nos cruzamos com ela na rua!
O rosto ansioso,
a avidez do olhar,
as rugas da face,
a tristeza da pele,
atiram-nos pedidos
em apelos mudos
no sulco profundo
da sua voz sumida.
Suas mãos ósseas
rasgadas nos caixotes
e que no lixo sobrevivem,
levantam-se caladas
numa prece angustiante,
num apelo premente
que os humanos não ouvirão!
Criança! Agora apenas criança!
Mais tarde quiçá marginal,
mero mas impressivo sinal:
o mundo é sem-esperança!
J M