Cesárica
Sentado na mesa do café devasso
Olho a paisagem vestida a verde
Extasiam-se-me os olhos no poente,
E revejo a tua Milady, ó Cesário Verde!
Sem desprimor para a airosa rapariga
Portuguesa de lei e bem elegante
Que passa simples e descontraída
No seu fato de treino desestressante.
Ao longe, as eólicas lutam desesperadas
Contra a força intensa do frio norte
E as árvores, nesta altura, desfolhadas
Agitam os ramos perdido já o porte.
E vêm-me à memória uns dias estivais
Cheios de emoções e passeio matutino
Intensos, secos, avessos a vendavais
Iludindo a força secreta do fatal destino.
Triste condição humana: efemeridade!
Tudo é passageiro e fugaz e inexorável!
Sensações enganadoras de felicidade!
Ilusões perdidas de uma vida: lamentável!
(Aquele sorriso entre mãe e filha
Terminando em sonora gargalhada,
Foi uma excelsa maravilha
Iluminando a tarde enevoada!)
JM