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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Cesárica
















Sentado na mesa do café devasso



Olho a paisagem vestida a verde

Extasiam-se-me os olhos no poente,

E revejo a tua Milady, ó Cesário Verde!

 



Sem desprimor para a airosa rapariga

Portuguesa de lei e bem elegante

Que passa simples e descontraída

No seu fato de treino desestressante.

 



Ao longe, as eólicas lutam desesperadas

Contra a força intensa do frio norte

E as árvores, nesta altura, desfolhadas

Agitam os ramos perdido já o porte.

 



E vêm-me à memória uns dias estivais

Cheios de emoções e passeio matutino

Intensos, secos, avessos a vendavais

Iludindo a força secreta do fatal destino.

 



Triste condição humana: efemeridade!

Tudo é passageiro e fugaz e inexorável!

Sensações enganadoras de felicidade!

Ilusões perdidas de uma vida: lamentável!

 



(Aquele sorriso entre mãe e filha

Terminando em sonora gargalhada,

Foi uma excelsa maravilha

Iluminando a tarde enevoada!)

 



JM