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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Caducidade

torre de menagem - Carlos Adaixo.jpg

 

Está serena a tarde:

desprendem-se-lhe frias

as palavras

que se acomodam

nos lábios simpáticos

do vento nordeste.

 

Lá para o alto, no castelo,

luzem ainda os raios preguiçosos

da lua nascente,

mas breve virá o gélido nevoeiro

e destruirá a lucidez da incipiente noite .

 

E as palavras, afinal, dirão apenas

aquilo que o ouvinte distraído

com o ecrã cintilante

do sedutor telemóvel,

o deixar perceber: as palavras humilhadas

fugirão com o gélido nevoeiro

na ignorância imposta

pelas novas seduções.

 

J M – 2.1.2017

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