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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Aves, flores, saudades

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(1884 - 1968)

 

Sol a sol, desde a serra até ao mar,

Das pegas-rabilongas às gaivotas,

A orquestra alada, requintado as notas,

De nascente a poente é só tocar:

 

Ocarinas em fila – terras-cottas

Em beirais de telhado; à beira-mar,

Flautas de abibes; harpas de luar

Em garças ribeirinhas, nas marnotas;

 

Ao longo das ribeiras são as filas

Dos violinos – sílvias e fringilas –

Violetas, violas-trissonoras

 

E no alto do céu, flamas em jogo,

A regê-los, o Pássaro de Fogo

Peneira as grandes asas criadoras.

 

Emiliano da Costa, “Concerto ao ar livre”