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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

AS MÃES

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 (1915 - 2012)

 

as mães fazem remendos bonitos
em almas rasgadas
com linhas que arrancam do peito
 
as mães sangram sem que se veja
colocam as mãos nos seus colos já vazios
e esperam que regresse um sorriso que as cure
 
as mães alimentam-se de pequenas palavras
{que quase nunca dizemos}
e de abraços
{que quase nunca damos}
 
as mães iludem a fome
{que poucas vezes matamos}
lembrando as canções de embalar
que já não ouvimos
 
as mães são presente
passado e futuro sempre presentes
até ao último suspiro 
curam sempre sempre sempre
mais do que podem
 
e quando estendem os braços
as mães são a casa 
de onde nunca partimos 
 
as mães são eternas 
{também morrem as mães?}
e amamos as mães e a sua magia 
sem nunca haver tempo para lho dizermos...
 
Sónia M
 
[Roubado daqui: http://soniagmicaelo.blogspot.pt/2017/05/as-maes.html]