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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Árvore antiga

Aquela árvore antiga

a cuja sombra brincávamos,

crianças incautas,

hoje perdeu o vigor

e os braços mal seguram os pardais

e as raízes já não bebem

a linfa diáfana do ribeiro.

 

Espantalho rígido

apenas amedronta os piscos

quando, no inverno, o vento respira

ofegante das nortadas gélidas.

 

A infância fugiu também

arrastada nos temporais da vida

e o que fica são felicidades ambíguas,

de uma floresta decadente

deteriorada pelas esperanças amagadas,

pelos rigores do frígido inverno,

pelos rigores do tórrido verão.

 

E se assim é a vontade das Parcas

 - crianças adulteradas –

colhamos o momento,

a esperança e a moderação.

 

J M