Árvore antiga
Aquela árvore antiga
a cuja sombra brincávamos,
crianças incautas,
hoje perdeu o vigor
e os braços mal seguram os pardais
e as raízes já não bebem
a linfa diáfana do ribeiro.
Espantalho rígido
apenas amedronta os piscos
quando, no inverno, o vento respira
ofegante das nortadas gélidas.
A infância fugiu também
arrastada nos temporais da vida
e o que fica são felicidades ambíguas,
de uma floresta decadente
deteriorada pelas esperanças amagadas,
pelos rigores do frígido inverno,
pelos rigores do tórrido verão.
E se assim é a vontade das Parcas
- crianças adulteradas –
colhamos o momento,
a esperança e a moderação.
J M