Vi as águas, os cabos, vi as ilhas E o longo baloiçar dos coqueirais Vi lagunas azuis como safiras Rápidas aves furtivos animais Vi prodígios espantos maravilhas Vi homens nus bailando nos areais E ouvi o fundo som de suas falas Que já nenhum de nós entendeu mais Vi ferros e vi setas e vi lanças Oiro também à flor das ondas finas E o diverso fulgor de outros metais Vi pérolas e conchas e corais Desertos fonte trémulas campinas Vi o rosto de Eurydice das neblinas Vi o frescor das coisas naturais Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri E assim contando tudo quanto vi Não sei se tudo errei ou descobri
Passo muito depressa no país de Caeiro Pelas rectas da estrada como se voasse Mas cada coisa surge nomeada Clara e nítida Como se a mão do instante a recortasse
A respiração de Novembro verde e fria Incha os cedros azuis e as trepadeiras E o vento inquieta com longínquos desastres A folhagem cerrada das roseiras.