das pedras no sítio húmido da noite nos interstícios da pele ferida no avesso do verso adverso não me acordes mais não me acordes tanto
Américo Rodrigues 23/9/11
Foi ontem à tarde a apesentação do "acidente poético fatal" na BMEL. Foi tempo de amizades e aprendizagens. Foi tempo de ouvir e assimilar. Foi tempo de palavras. Essas entidades dotadas de vida própria e que nunca estão completas enquanto houver alguém que as aprecie e as tente desvendar. Como faz o Américo. E bem!
Transcrevo acima o poema de que mais gosto (também eu!). Além de outros.
Parabéns à poesia e ao autor.
[Quem tiver curiosidade - e vale a pena satisfazê-la - pode seguir a sugestão do próprio autor:
"A partir de agora, o livro vai à sua vida. Vende-se, na Guarda, no Quiosque Moinho (ao lado deste Café Mondego), no centro da cidade. Pode também pedir-se por mail: americo.j.rodrigues@sapo.pt"]
Na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (Guarda) vai ser apresentado no próximo sábado, 17 de Dezembro, um novo livro de Américo Rodrigues, intitulado “Acidente Poético Fatal”. A sessão terá lugar pelas 18 horas.
Hoje, ressumaram as plantas as flores as rosas... Convoquei as pausas, as exclamações e toda a semântica de uma noz. Hoje, convoquei o orgasmo catártico e cuspi na mais pura idealização.
06/05/2010
[Roubei este poema ao Daniel Rocha porque o achei interessante e gostei; se quiserem ler mais coisas dele podem fazê-lo neste endereço: http://silenciosasdiscussoes.blogspot.com ]
[Acabei de chegar da rua, regressando do meu local de trabalho, e, ao olhar para a beleza da LUA cheia, lembraram-me os versos do poeta e não resisti a transcrevê-los na sua grafia original de há 100 anos atrás. Com tanta beleza e recordação o frio agreste da meseta fica para segundo plano!!!!]
Corre uma brisa quente de início de fim de tarde, apetece saborear o fresco de casa,mas porque não um salto até ao Café Concerto e saborear os poemas deste poeta guardense e acompanhá-los com uma bebida fresca?! Talvez nem seja precisa a bebida,mas pelo sim pelo não, .... Mais informações aqui e aqui.
amar
sem loucura nem pecado.
beijar com as asas
soerguidas
num voo orientado
através de trincheiras sucessivas.
não mais ficar parado
na curva do prazer
(hão-de explodir um dia em vão as feridas
do laço em que te abraço a Lúcifer).
tenha o desejo fugido à nostalgia
da amarra no cais ultrapassado
e viva nas marés do dia-a-dia
rendido
à viril filosofia
da onda que vai vem contra o rochedo.
guardar
a seiva do segredo
e o pólen da pele
nos lábios túmidos
hoje e sempre
fiel
ao beijo heróico
mortal e permanente
em que te aguardo
em que me encontre
frontal
total
e eternamente.
[1928 - 2009: Reconheço a minha ignorância sobre este autor, mas pelos vistos nasceu aqui pela cidade, embora tenha passado a maior parte da vida em Lisboa. Escrevia nos jornais e muitos dos seus poemas viraram letras de fados.]