Sento-me nas asas do vento
vespertino,
inalo aromas insuspeitos da tarde
desvanecida
e no cais do tempo
embarco na nau de Ícaro
rumo a destino ignoto.
(Pode ser S. Pedro de Rio Seco)
Embrenho-me nos bosques da Estrela
e procuro-me no meio do turbilhão
mas a Aparição de mim a mim mesmo
leva-me apenas
à sabedoria existencial de estar vivo
de ser pensante!
Subo as fragas de S. Martinho
e reencontro a luta com o transcendente
bebo a seiva, o mosto, o vinho
e revejo-me só, no imanente.
Titãs em luta permanente
encontro o opositor
continuamente
frente a mim
num campo onde se vislumbra a dor
de ser e sofrer até ao fim.
JM
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[retirado daqui]
Se uma simples andorinha
me trouxesse no seu bico
um raio intenso de luar
era muito capaz de ficar
neste sítio onde fico
para te sentir sempre minha!
Mas a avezita vai-se embora
na fresca brisa vespertina
e nada me deixa ficar
assim só me resta esperar
que a orvalhada matutina
não me deite a esperança fora.
Dela me sustento e mantenho
e se acaso me vier a faltar
como hei-de então sobreviver?
Nem sei o que preciso de saber
nem o caminho consigo achar!
Não me sinto nem me tenho!
JM
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Dizer terra, fecundação, carinho, ...
Dizer ovo, madre, coração, ...
Dizer sémen, cuidado, marinho, ...
Dizer chuva, amor, paixão, ...
Dizer força, prazer, embrião, ...
Dizer húmus, maia, afecto, ...
Dizer coragem, arte, criação, ...
Dizer seio, úbere, tecto, ...
Dizer terra, femina, mulher
Dizer tudo e o princípio também
Dizer aquilo a que mais se quer
É dizer, simplesmente, MÃE!
(JM)
[Seriam 102 - sempre!]
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Ponto branco em expansão cromática!
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Grito amarelo debruado a preto com expansão centrífuga!
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Lábios rubros de mulher
ávidos de sensações,
desejos quentes de querer,
promessas de corações
paixão rubra, rubra cor
desafios de sonho irreais,
vontade, garra, sabor,
ânsias de ser muito mais.
2011 - JM