Um verso
S. Martinho de Anta, 30 de Outubro de 1955.
TATUAGEM
Um verso apenas, mas que fique impresso
Na morena epiderme
Do teu corpo maciço;
Um verso agradecido
À universal beleza
Do teu rosto redondo,
Infatigavelmente variado;
Um verso branco e puro
De rendido louvor
À serena ironia
Com que deixas brincar no teu regaço
A inquietação,
E devolves o eco
De cada grito
À boca enfurecida,
—Terra, pátria da vida!
Eva que o sol fecunda do infinito!
Torga, Diário VIII