Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

ETERNO FEMININO

 
 

Caldelas, l de Setembro de 1948.

ETERNO FEMININO

Voltei, ninfas amigas!

Quem pode resistir a um fresco aceno

De donzelas despidas?

Fiel devoto da nudez da vida,

Tinha sede de ver-vos distraídas

A correr pela terra ressequida.

Serei criança, mas voltei de novo

Ao vosso altar sagrado.

Ou não fosse eu poeta!

Ou não me desse a imagem do passado

Uma esperança secreta...

Vim, e que o mundo murmure,

Ninfas de cada fonte!

Que me importa que digam que enlouqueço

Junto de vós?

Quero é beijar-vos, é beber,

E sentir-me no fim purificado...

Só deusas verdadeiras podem ter

Um corpo tão perfeito e tão lavado.

 

Torga, Diário IV