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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Repuxo

Gerês, 30 de Agosto de 1942.

PARÁBOLA

No silêncio do parque abandonado

O repuxo prossegue a sua luta;

É um desejar alado

A sair duma gruta.

Ergue-se a pino ao céu como uma lança;

Ergue-se a pino, e sobe na ilusão;

Até que a flor do ímpeto se cansa

E cai morta no chão.

Mas a raiz do Sonho não desiste;

Subir, subir ao céu, alto e fechado!

E o repuxo persiste

Na solidão do parque abandonado.

 

Torga, Diário II