Repuxo
Gerês, 30 de Agosto de 1942.
PARÁBOLA
No silêncio do parque abandonado
O repuxo prossegue a sua luta;
É um desejar alado
A sair duma gruta.
Ergue-se a pino ao céu como uma lança;
Ergue-se a pino, e sobe na ilusão;
Até que a flor do ímpeto se cansa
E cai morta no chão.
Mas a raiz do Sonho não desiste;
Subir, subir ao céu, alto e fechado!
E o repuxo persiste
Na solidão do parque abandonado.
Torga, Diário II