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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Gerês

Gerês, 26 de Agosto de 1942.

ÁGUA

Água a correr na fonte.

Uma quimera líquida que sai

Das entranhas do monte

A saber ao mistério que lá vai...

Pura,

Branca, inodora e fria,

Cai numa pedra dura

E desfaz o mistério em melodia...

.

Gerês, 26 de Agosto de 1942.

CONDENAÇÃO

Toda a manhã o lírico pagão,

O animal sensível que em mim olha,

Olhou, olhou, cheio de comoção,

Uma folha.

Era de tília a mágica verdura.

Larga, quieta, ao sol, vivia.

E a viver assim dava frescura

A quem da terra seca lha pedia.

Nisto, não sei que maldição soprou,

Ou que Deus demoníaco sorriu,

Que toda aquela calma se agitou

E caiu.

 

Torga, Diário II