O lado amargo
Caldelas, 23 de Agosto de 1952.
NÁUSEA
Que funérea tristeza,
Cemitério do tempo!
Hidrângeas de gangrena
E sombra humedecida...
Fetos,
Dejectos,
E um túnel de silêncio — o mausoléu da vida.
Heras das eras, sanguessugas lentas,
Deitadas sobre a seiva vertical.
E folhas de anemia, sonolentas,
Transparências doentes de vitral.
Negativa pujança. Eterno outono.
Colorida e soturna podridão.
Parque das Parcas. Abandono
Das formas à total degradação.
Torga, Diário VI