OCEANO
S. Pedro de Muel, 22 de Agosto de 1985.
OCEANO
Poema sem sossego e sem remate,
Harpejo horizontal do coração do mundo,
Há quantos anos já que te recito
Obsessivamente,
A medir cada verso
Em cada onda!
E nunca te entendi!
És um mistério cósmico e sagrado.
Um mistério que logo pressenti
Quando pela primeira vez te vi,
Maravilhado,
A marginar um
Portugal sonhado,
Tão perto e tão distante,
Sempre no mesmo instante
Morto e ressuscitado.
Torga, Diário XIV