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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Angústia de poeta

Coimbra, 21 de Agosto de 1982.

PÂNICO

Nestas horas sem versos,

É o silêncio da morte que adivinho.

Um silêncio maninho

Que entorpece os sentidos.

A vida

Anoitecida

Na lembrança,

Com todos os pecados cometidos

Já sem peso no prato da balança.

Assim são condenados os poetas

À visão do seu nada,

Quando as musas cruéis os emudecem.

Quando parecem

Múmias a apodrecer.

Quando em vão querem ter

A voz passada.

A voz insone que os fazia ser

Os arautos da eterna madrugada.

 

Torga, Diário XIV