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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

...


O pintor morreu

envolto em rosas de maio,

olhando os meninos do Bairro Negro,

cantando os cravos rubros

de um abril florido.

 



Em Grândola poeta-libertador,

dum povo adormecido,

na longa noite de 33;

em abril soldado em flor

que desabrochou a 24,

numa manhã ingente e fresca

florida em liberdade.

 



Na noite, cantor-maldito

de vampiros e eunucos

cuja voz rompeu os tímpanos

e absurdos assombros:

Peniche, Caxias, Tarrafal.

 



Em Coimbra, amigo do vento

levado do Choupal à Lapa

nas brisas ternas dos sonhos

até aos filhos da madrugada.

 



Em Portugal poeta-músico

cujo machado não corta

a enraizada lembrança

gravada a palavras-fogo

no peito da nossa memória.

 



E se alguém se enganou

com seu olhar modesto

verá correr as águas claras

dos mananciais da música

que guardam perenemente

a timbrada voz universal

de abril-liberdade!

 

 



J M (23.02.1987)

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