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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Poeta/profeta

A bordo para o Brasil, 31 de Julho de 1954.

JONAS

Do ventre da baleia me interrogo;

Da negrura do ventre

Do navio em que vou, monstro marinho.

De que Nínive fujo, e a que Társis me leva

Este caminho?

Ah, se os poetas fossem como outrora

Instrumentos de Deus!

Não teriam no mundo, como eu tenho agora,

A trágica incerteza

Do seu destino.

Devorados ou não,

Iam sempre na mesma direcção

Do roteiro divino.

 

Torga, Diário VII

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