Pedra
Coimbra, 30 de Julho de 1968.
CANTILENA DA PEDRA
Sem musa que me inspire,
Canto como um pedreiro
Que, de forma singela,
Embala a sua pedra pela serra fora...
Upa! que lá vai ela!
Upa! que vai agora!
A pedra penitente que eu arrasto
Tem o tamanho duma vida humana.
E só nesta toada a movimento,
Embora o salmo já me saia rouco.
Upa! meu sofrimento!
Upa! que falta pouco...
Torga, Diário X