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16 de março de 1981 - 16 de março de 2021
Tão distante e tão perto.
Dia de nervoso miudinho. Esperava-me uma escola e umas turmas para aprender a ser professor. O autocarro que me levava à Portela de Sacavém, para mim, ia muito depressa. A Escola Preparatória Gaspar Correia ia ser o local do meu baptismo profissional. Gente linda do 5º e 6º anos esperavam-me curiosas: era o professor substituto até ao fim do ano.
E assim começou uma série de anos e de escolas. Primeiro na região de Lisboa, na Amadora e, anos mais tarde, na Guarda. Foi uma pequena peregrinação comparada com a que os candidatos de hoje realizam.
São anos de alguns desencantos, mas de muitas alegrias. Ver crescer pessoas e acompanhar esse percurso é uma experiência única e inolvidável. Ajudar nas aprendizagens e na vida é gratificante. Aprender continuamente com crianças e adolescentes contribui decididamente para que a vida ganhe sentido. E, assim, parece que foi ontem. Que ainda não passaram 40 anos. Porém, a verdade, é que já passaram. Mudou muito a Escola? Sim e não.
Sim, pois o sistema educativo teve que evoluir por causa das tecnologias e das ideias acerca das aprendizagens.
Não, pois o "material" que faz as escolas é feito de seres humanos que têm sempre muito a dar e receber.
Voltaria a fazer o mesmo percurso? Claramente. Apesar das condições actuais.
Fiquem as palavras do poeta:
Valeu a pena? Tudo vale a pena
se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
tem que passar além da dor.
(Fernando Pessoa)