Zeca Afonso
Faz hoje vinte anos que morreu o grande cantor da liberdade. Dizer da sua importância no panorama musical português e na luta travada pela liberdade é repetir à exaustão lugares comuns já gastos. A efemeridade do que é humano trá-lo hoje praticamente esquecido, mas a sua mensagem permanecerá enquanto houver alguém sem liberdade neste pequeno mundo que é o nosso. Há vinte anos rendi-lhe homenagem através das palavras com pretensão de poéticas; Hoje aqui as reproduzo como tributo de gratidão por aquilo que nos legou.
“O CANTOR”
As palavras faltaram
nos lábios emudecidos
da liberdade encarnada
numa guitarra plangente.
E por sobre notas secas
as cordas vibraram gritos
de revolta e libertação
de anseios reprimidos.
Mas nada pode calar
o grito intempestivo
da justiça agrilhoada
nas prisões mais hediondas.
Por isso um dia houve
em que as esperanças
tanto tempo incontidas
estalaram em alegria. G. Monteiro / 23.02.1987