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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Abdicação

A minha vontade abandonou-me.

Caminho entre o nada e coisa nenhuma.

A minha constante errância cansou-me

Hoje vagueio: ideias nem uma.

 

Ando perdido entre mim e mim

Deserto da vida no deserto da vida

Nada acho nem sequer um fim.

Será isto amargura e despedida?

 

Olho-me ao espelho e desconheço

O que havia de mim no meu rosto.

Um estranho que não conheço

Fez-me Dezembro em Agosto.

 

Que sentido da vida afinal me resta

Se mascarado de príncipe deserdado

Ninguém me convida para a festa?

Abdico e sento-me abandonado.

 

20.11.2013

 

JM

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