GENTE DE VALOR
As palavras não chegam, diria antes negam-se a admitir a realidade, e cruéis chegaram de manhã com a notícia sempre triste: morreu o Igor. Espanto, estupefação, incredulidade! Como pode isso ser verdade? A vida é assim tão injusta? Por que razão os bons são os primeiros a morrer?
O Igor foi meu aluno na Afonso de Albuquerque e aí travámos uma daquelas amizades que nunca se deseja perder. Era o protótipo da PESSOA: falava com toda a calma do mundo, nunca se alterava, tinha uma educação tão respeitadora que nos levava a interrogar-nos se ainda era possível haver gente assim neste mundo conturbado. Estava sempre disponível para ajudar, estava sempre pronto a colaborar, estava sempre pronto a ... sorrir.
A vida levou-o para outros lados, mas mantivemos sempre o contacto e quando vinha pela Guarda havia quase sempre duas palavras de café para trocar na amizade perene de seres que se entendem e partilham ânsias e sonhos. E como ele falava dos seus sonhos! Como brilhavam, nessa altura, aqueles olhos irrequietos reflexo de um coração sempre pronto a saber mais e a aprender! Como era contagiante aquela sua alegria facilmente transmissível aos que o rodeavam!
Estaria Deus assim tão necessitado de mais um anjo, para no-lo roubar? É que este também era da Guarda e também nos guardava!
Que descanse em paz!