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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

este livro

este livro. passa um dedo pela página,
sente o papel como se sentisses a pele do meu corpo,

o meu rosto. este livro tem palavras. esquece as palavras por
momentos. o que temos para dizer não pode ser dito. 

sente o peso deste livro. o peso da minha mão sobre 
a tua. damos as mãos quando seguras este livro.

 não me perguntes quem sou. não me perguntes nada. 
eu não sei responder a todas as perguntas do mundo. 

pousa os lábios sobre a página. pousa os lábios sobre 
o papel. devagar, muito devagar. vamos beijar-nos.


José Luís Peixoto