Sou uma folha de papel
Sou uma folha de papel
onde a vida vai escrevendo
dias doces como o mel
dias aziagos que não entendo
vivo ao sabor do tempo
na tensão do estar e do crer
escrevo-me a contratempo
sei o que sei sem o saber
trago na singela brancura
uma marca do ser que fui
e no rio da vida que não dura
sou a água que sempre flui
às vezes sinto-me inconstante
porque me oprime a breve idade
e se procuro a fruição do instante
encontro perene infelicidade
mas há dias em que o mundo
me dá felicidade e alegrias
e aí sim sinto cá bem no fundo
a beleza impante dos dias.
J. Monteiro (13.06.2011)