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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

AS PALAVRAS

  

Atragantaram-se-me na garganta

e já não dizem porque nada são

e, apesar do esforço enorme, de anta,

nada significam ditas em vão.

 

Amareleceram nos sentidos, vazias,

ocas de sensações, inférteis de vidas

já nem tristezas são, nem sequer alegrias,

breves boninas, quiçá selvagens margaridas.

 

Deserto de ideias onde apenas a memória

provoca estragos áridos e abundantes,

nem às lembranças da passada glória

reverdecem um pouco as saudades constantes.

 

E agora onde encontrar águas milagrosas?

Onde mergulhar na vida se as sensações

fugiram afastadas por ilusões falaciosas?

Ainda há salvação nos adormecidos corações?

 

JM (30.05.2011)