AS PALAVRAS
Atragantaram-se-me na garganta
e já não dizem porque nada são
e, apesar do esforço enorme, de anta,
nada significam ditas em vão.
Amareleceram nos sentidos, vazias,
ocas de sensações, inférteis de vidas
já nem tristezas são, nem sequer alegrias,
breves boninas, quiçá selvagens margaridas.
Deserto de ideias onde apenas a memória
provoca estragos áridos e abundantes,
nem às lembranças da passada glória
reverdecem um pouco as saudades constantes.
E agora onde encontrar águas milagrosas?
Onde mergulhar na vida se as sensações
fugiram afastadas por ilusões falaciosas?
Ainda há salvação nos adormecidos corações?
JM (30.05.2011)