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Como gotas de ouro transparente
as lágrimas caem dos meus olhos:
uma após outra e outra ainda.
Em cada uma delas há mil recordações
um rosto e uma saudade!
Caprichosamente juntas
formam uma vida
uma desilusão, um amor …
perdido.
A chuva intensa bate furiosamente nos vidros
e as lágrimas do meu rosário sem fim
caem lenta e silenciosamente
na folha branca da escrita.
(De tudo apenas resta
uma mancha indistinta.
Do teu rosto também breve aresta
mancha leve na minha imaginação.)
busca o ponto da tarde
em que o sol encontra a preguiça
e relaxa e aproveita e goza o dia
quando o desejo mais forte arde
procura a sombra e deixa que a caliça
do tempo vença a simpática apatia
e já entrada a breve noite
o sono te leve suave e doce
nas asas da branca brisa do entardecer
assim terás quem te acoite
no seio imperfeito que antes fosse
a sensação de eternamente viver.
Ao ouvido chega-me o som do vento
e os aromas das nuvens
da tua pele suave
impregnam-se-me nos dedos
O cheiro húmido da terra
a indecisão se vais ou se vens
ou um simples voo de ave
levando para longe os medos
O desejo que a noite esconde
e se desvela aos poucos nos sentidos
arrebata a razão que fica onde
não está a paixão: só gostos desmedidos!