Não sei porque floriram no meu rosto os olhos e os rostos que há em ti. Floriram por acaso, ao sol de Agosto sem mesmo haver Agosto ou sol em mim. Não sei porque floriram: se o orvalho os queima (Ponho as mãos nos olhos para os proteger!) Tão estranho! florirem no meu rosto olhos e rostos que não posso ver. . Eugénio de Andrade, Fevereiro de 1946
Senhor se da tua pura justiça Nascem os monstros que em minha roda eu vejo É porque alguém te venceu ou desviou Em não sei que penumbra os teus caminhos
Foram talvez os anjos revoltados. Muito tempo antes de eu ter vindo Já se tinha a tua obra dividido
E em vão eu busco a tua face antiga És sempre um deus que não tem um rosto