As mães
José Luís Peixoto, Em teu Ventre. (pág. 27)
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José Luís Peixoto, Em teu Ventre. (pág. 27)
Está a acabar mais um ano. Este foi imperfeito, quer dizer ímpar! Ímpar no número e ímpar nas oportunidades que me deixou.
Logo no início do ano, recebi a proposta da Direção para fazer uma letra para o hino do nosso Agrupamento. Depois de muitas tentativas lá saiu uma letra aprazível que foi adaptada à música que já existia. (http://blogueexpressao.blogspot.pt/2015/04/hino-do-agrupamento.html ).
Também no primeiro quarto do ano, saiu a primeira experiência “editorial”: um poema meu, com a assinatura JM foi publicado na colectânea da Lua de Marfim Editora intitulada “Poema-me”. (http://blogueexpressao.blogspot.pt/2015/04/jm-e-betty-blue-em-edicoes-de-poesia.html)
Já nos fins de julho foi retomado pela Câmara Municipal da Guarda o projecto pendente da publicação de uma biografia de Nuno de Montemor. O segundo semestre do ano foi passado em investigações e na elaboração definitiva do texto que deu origem ao livro “Nuno de Montemor - alma brava, meiga”, nº 8 da coleção “Gentes da Guarda” e que será apresentado ao público na primeira semana de janeiro.( http://ardaguarda.blogs.sapo.pt/nuno-de-montemor-sabugal-04-01-e-295550 )
Finalmente, o ano de 2015, marcava o centenário de nascimento dos meus pais. Para os homenagear e ficar a recordação deles assinalada de forma mais duradoira, decidi publicar um livro de poesia. A editora escolhida foi a Lua de Marfim e o título proposto foi “A (im)perfeição dos dias”. (http://ardaguarda.blogs.sapo.pt/em-fim-de-gestacao-288383) Começou a preparação durante o mês de Agosto, mas a publicação só foi efectivada em fins de Outubro. Em Novembro e Dezembro foi a apresentação da obra ao público: a 14 de Novembro na Livraria Lua de Marfim, na Amadora (http://ardaguarda.blogs.sapo.pt/apresentacao-na-lua-de-marfim-291312) e a 5 de Dezembro na BMEL, na Guarda.
(http://ardaguarda.blogs.sapo.pt/apresentacao-na-bmel-293401 )
Houve também uma sessão extra na ESAAG, no dia 9 de Dezembro. (http://ardaguarda.blogs.sapo.pt/sessao-na-esaag-294009 )
Na vida não caminhamos sozinhos, por isso esta caminhada foi realizada com a colaboração da família e de muitos amigos. Perdoem-me os que não vou nomear, mas queria destacar alguns que de um modo ou de outro permitiram que este meu último sonho acontecesse: ao Paulo Afonso Ramos editor incansável, simpático e sempre disponível; ao poeta Cristino Cortes que fez a apresentação na Amadora e cujas palavras espero publicar em breve; ao Daniel Rocha cúmplice nas palavras poéticas e sempre disponível no reforço da amizade; ao amigo e colega Antº José Dias de Almeida cujas palavras sábias nos deleitam há muito e cuja sabedoria é inultrapassável; ao Américo que deu vida a alguns poemas e os transformou com a sua leitura; à Emília Costa e ao Joaquim Igreja, amigos de longa data e colegas de profissão, que quiseram mostrar a sua amizade promovendo a sessão na ESAAG. Também um bem-haja sentido a todos os amigos que estiveram nas três sessões e que ultrapassaram as minhas expectativas em termos de amizade claramente manifestada com a sua presença. Por fim, a todos aqueles que não podendo estar fisicamente manifestaram por vários meios a amizade que nos une.
Por todas estas razões o ano de 2015 foi para mim uma dádiva de amizade e criação que me enche de alegria não só pelas publicações realizadas, mas especialmente – reforço – pelas manifestações de amizade recebidas. Obrigado.
Terra alta de azul e neve, serranias azuis a perder de vista, imensidões vestidas de uma brancura intensa foram as paisagens que vivenciou, percorreu e registou nas suas obras. Desde o berço que nunca enjeitou – Quadrazais – até à cidade que adoptou como sua e que nunca se cansou de exaltar – Guarda – o escritor deambulou pela Beira Serra e aí fixou o seu espaço preferido onde deixou o seu coração de barro espalhado com água de neve. O outro coração feito de bondade, de sentimento, de amor ao próximo, deixou-o na sua melhor obra escrita na cidade da sua alma brava e meiga: o Lactário.
É assim o percurso de Nuno de Montemor / Joaquim Augusto Álvares de Almeida, escritor de livros, pastor de almas e modelador de corações. Forte beirão dado ao seu semelhante, “padre-capelão” querido da cidade, raiano de gema e salmodista da plenitude da vida.
(Sinopse para a BMEL)
(18) As palavras são imperfeitas quando tentam dizer aquilo
que é maior que elas.
(19) São imperfeitas também quando tentam dizer aquilo que parece
ínfimo, dependendo da proporção.
Neste caso, as palavras são dedos que tentam apanhar uma
migalha, fazem a forma de beliscá-la, mas deixam-na
lá, como se fossem inúteis.
(pág. 11)
A todos os leitores habituais deste recanto pessoal e aos também leitores ocasionais os votos de umas festas felizes!
O regresso do filho pródigo.
Um livro é uma casa onde cabem muitas vozes. E como há casas grandes, médias e pequenas assim também acontece com os livros. Este é um livro modesto e quer apenas ser o eco de múltiplas vozes que o rodeiam e o tornaram possível. Que o fizeram respirar. Que o fizeram pulsar. Que o fazem permanecer vivo.
Que vozes são essas?
1. a voz da poesia: atraente, sedutora, simbólica, maviosa, denunciadora, laudatória, musical. Os poemas acontecem, como dizia Fernando Pessoa e Sophia Andresen. Surgem, insinuam-se, crescem e amadurecem nas folhas límpidas dos livros. A poesia é a voz da vida.
2. a voz das raízes: somos o que somos porque alguém nos ensinou a ser, a estar, a enfrentar a vida. Somos o que somos porque alguém nos deu a vida e a fala. No sangue, no seio alimentador, no puxão de orelhas na hora certa ficou a marca de quem nos precedeu, de quem nos alimentou a alma e nos ofertou o exemplo a seguir. Quem diz raízes, diz família.
3. a voz dos poetas: que lemos, que nos deliciam ou nos arranham o espírito para nos fazer despertar. A clareza de Sophia, a genialidade de Pessoa, o rigor de Eugénio, o cheiro a urze e a terra molhada de Torga. E quantas mais vozes que continuamente nos arrebatam, nos empolgam, nos levam para o mundo da fantasia poética e literária.
4. a voz da cidade: no frio, na neve, no prosaísmo dos pardais a saltitar, no ruído das ruas a empalidecer com os últimos raios de um sol poente. Nas leituras de Augusto Gil e de Nuno de Montemor, de Vergílio Ferreira e Manuel António Pina, nas memórias de Eduardo Lourenço e de Bonito Perfeito, de Manuel Poppe e de Virgílio Afonso.
5. a voz das pessoas: dos colegas que nos animam, dos alunos que puxam por nós, dos amigos que nos incentivam a registar para o futuro as palavras que mastigamos.
6. a voz da lua: seja ela quem for ou o que for. Ignota e persistente inspiração umas vezes fértil e fluente, outras infértil e perra. Umas vezes em lua cheia de plenitude, outras lua nova desaparecida.
7. a voz da música: as harmonias fecundas que enredam as palavras no doce sabor das ideias.
E mais vozes haveria a enumerar, mas fundamentalmente são estas que percorrem as páginas (cheias) deste livro. Que sejam alívio e conforto nas alegrias ou nas tristezas da vida. Com alegrias e tristezas nasceram porque elas também são a vida. Como a poesia é a vida.
J M (05.12.2015)