Foi para ti que desfolhei a chuva para ti soltei o perfume da terra toquei no nada e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras e todas me faltaram no minuto em que talhei o sabor do sempre
Para ti dei voz às minhas mãos abri os gomos do tempo assaltei o mundo e pensei que tudo estava em nós nesse doce engano de tudo sermos donos sem nada termos simplesmente porque era de noite e não dormíamos eu descia em teu peito para me procurar e antes que a escuridão nos cingisse a cintura ficávamos nos olhos vivendo de um só amando de uma só vida
Aqui nesta praia onde Não há nenhum vestígio de impureza, Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente, Puro espaço e lúcida unidade, Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade.
Rompeste com as montanhas e atravessaste as tempestades com o intelecto de alguém que procura na imensidão dos dias uma justificação para andar.
Procuraste nas entrelinhas das sensações e das ilusões uma razão para nos trazeres vestidos e aprumados para as agruras da vida que não conseguias evitar.
Da fome e das carências soubeste tirar o melhor e, interiorizando a coragem, cresceste com a energia do ar e das flores multiplicaste a força e a vontade e distribuíste a graciosidade e a beleza.
Enfim, percorreste os desertos e encontraste as miragens reais numa complexa matriz de dor e suor e sangue e esperança.