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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

2012!

 

Na beleza das flores

no íntimo dos afectos

na diversidade das cores

na variedade de aspectos

na suavidade do vento

nas forças que dão alento

no que há de bom na vida ...

 

vamos buscar ânimo para superar as dificuldades que se nos depararem ao longo de mais um ano.

 

VALETE!

 

Excelente ano poético.

De esperas construímos o amor intenso e súbito


 

De esperas construímos o amor  intenso e súbito

que encheu as tuas mãos de sol e a tua boca de beijos.

Em estranhos desencontros nos amamos.

Havia o rio mas sempre ficávamos na margem.

Eu tocava o teu peito e os teus olhos e, nas minhas mãos,

a tarde projectava as suas grandes sombras

enquanto as gaivotas disputavam sobre a água

talvez um peixe inquieto, algo que nunca pudemos ver.

As nossas bocas procuravam-se sempre, ávidas e macias

E por muito tempo permaneciam assim, unidas,

Machucando-se, torturando as nossas línguas quase enlouquecidas.

Depois olhávamo-nos nos olhos

No mais profundo silêncio. E, sem palavras,

Partíamos com as mãos docemente amarradas e os corações estoirando uma alegria breve

Quando a noite descia apaixonada

Como o longo beijo da nossas despedida.

 

Joaquim Pessoa

...

Tão grande a vastidão do silêncio!

Os olhos da noite abrigam-se atrás das palavras

e fecham-se!

Nada fica para dizer e a mudez instala-se entre nós.

Esperar o quê?

Esperar o vazio de ti.

Escutar o silêncio do deserto entre nós?

 

As palavras emigraram. Voltarão ainda um dia?

 

São precárias, mas a acidez de algumas

é desfeita pela doçura de outras. E estas são mais fortes!

 

Esperança, minha irmã gémea, fica comigo!

 

JM

Estou Mais Perto de Ti porque Te Amo

Estou mais perto de ti porque te amo. 
Os meus beijos nascem já na tua boca. 
Não poderei escrever teu nome com palavras. 
Tu estás em toda a parte e enlouqueces-me. 

Canto os teus olhos mas não sei do teu rosto. 
Quero a tua boca aberta em minha boca. 
E amo-te como se nunca te tivesse amado 
porque tu estás em mim mas ausente de mim. 

Nesta noite sei apenas dos teus gestos 
e procuro o teu corpo para além dos meus dedos. 
Trago as mãos distantes do teu peito. 

Sim, tu estás em toda a parte. Em toda a parte. 
Tão por dentro de mim. Tão ausente de mim. 
E eu estou perto de ti porque te amo. 

Joaquim Pessoa,
 Os Olhos de Isa

PRELÚDIO

Levanta-se da rocha a flor esmagada
Mais dura do que a rocha e cristalina.
Raízes, caule, pétalas, angústia.

 

Raízes para sempre ali cravadas,

Caule verticalmente inexorável,
Pétalas miraculosas: pura água.


Minhas mãos são chagas,
Para te colher…
Minhas mãos são chamas,
Pedaços de gelo…
Levanta-se da rocha a flor esmagada.

 

Cristovam Pavia

Festas Felizes!

 

 

S. Martinho de Anta, 24 de Dezembro de 1969.

 

LOA

 

É nesta mesma lareira,

E aquecido ao mesmo lume,

Que confesso a minha inveja 

De mortal

Sem remissão

Por esse dom natural,

Ou divina condição,

De renascer cada ano,

Nu, inocente e humano

Como a fé te imaginou,

Menino Jesus igual

Ao do Natal

Que passou.

 

Torga, Diário 

 

 

[A todo os amigos, conhecidos, transeuntes, amantes de poesia, ... desejo um


BOM NATAL

 

 

 

e um


2012

 

 

 

cheio de


FELICIDADES!]

 

não me acordes

não me acordes

estou no lado de dentro

das pedras
no sítio húmido
da noite
nos interstícios da pele
ferida
no avesso do verso
adverso
não me acordes
mais
não me acordes
tanto

Américo Rodrigues
23/9/11

 

Foi ontem à tarde a apesentação do "acidente poético fatal" na BMEL. Foi tempo de amizades e aprendizagens. Foi tempo de ouvir e assimilar. Foi tempo de palavras. Essas entidades dotadas de vida própria e que nunca estão completas enquanto houver alguém que as aprecie e as tente desvendar. Como faz o Américo. E bem! 

Transcrevo acima o poema de que mais gosto (também eu!). Além de outros. 

Parabéns à poesia e ao autor.

 

 

[Quem tiver curiosidade - e vale a pena satisfazê-la - pode seguir a sugestão do próprio autor: 

"A partir de agora, o livro vai à sua vida. Vende-se, na Guarda, no Quiosque Moinho (ao lado deste Café Mondego), no centro da cidade. Pode também pedir-se por mail: americo.j.rodrigues@sapo.pt"]

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