João Tiago Pedroso de Lima é Licenciado em Filosofia e Mestre em Filosofia Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Vive em Évora e lecciona na Universidade desta cidade, onde realizou o doutoramento em Filosofia.
Publicou, em 2007, O Fogo do Espírito. Desporto, Olimpismo e Ética, obra que obteve o Prémio de Investigação da Academia Olímpica de Portugal (categoria de Ensaio).
É membro do Pólo da Universidade de Évora do NICPRI - Núcleo de Investigação em Ciência Política e Relações Internacionais.
Leituras de Eduardo Lourenço - Tertúlia
Espaço Eduardo Lourenço na Sala Nau de Ícaro - 18H00
Com:João Tiago Pedroso Lima, José Manuel Mota da Romana, Carlos Reis
A foto foi "roubada" à BMEL e reporta-se a um evento aqui anunciado e referente ao dia 12 de Maio. Tratou-se da apresentação do livro de um amigo, natural de Fiães, Trancoso, mas que estudou e viveu aqui na Guarda. Essa amizade, iniciada através de um livro e agor estreitada levou o autor a pedir-me que fizesse a apresentação deste seu mais recente "A espuma dos dias úteis". Tratando-se de alguém que viveu na Guarda, pensou que deveria fazer aqui a "entrega" pública, porque era um gesto que prova a ligação que tem à cidade. Só que deve ter ficado desiludido com a quantidade de público presente ( era pouco, mas de qualidade!)
Nós, guardenses, temos uma maneira muito estranha de estar face a estes acontecimentos culturais: na maior parte das vezes primamos pela ausência e quando comparecemos é porque a amizade nos obriga a isso. Não somos curiosos e parece que temos inveja de que outros publiquem.
O poeta/narrador Cristino Cortes merecia mais da cidade de que fala no seu livro! Merecia mais pela obra publicada que fala por si pois tem já um carácter internacional! Quero crer que a ausência foi motivada pela emoção de saber que outro guardense, também poeta, tinha recebido o Prémio Camões nesse mesmo dia.
Temos em comum também o facto de nos preocuparmos com a herança paterna e desejarmos preservar o património: outras culturas! Eu por mim vou-me dedicar mais a estas últimas porque ao menos a mãe-terra sempre nos devolve com juros o resultado do trabalho que temos com ela e assim me liberto do cansaço que o viver em sociedade nos traz.
O nosso Manuel António Pina é o Prémio Camões deste ano, com unanimidade do júri. Poeta, jornalista e autor de saborosas crónicas, natural do Sabugal, está ligado afectivamente à Guarda que há uns anos lhe prestou homenagem.
Completas
A meu favor tenho o teu olhar testemunhando por mim perante juízes terríveis: a morte, os amigos, os inimigos.
E aqueles que me assaltam à noite na solidão do quarto refugiam-se em fundos sítios dentro de mim quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
Protege-me com ele, com o teu olhar, dos demónios da noite e das aflições do dia, fala em voz alta, não deixes que adormeça, afasta de mim o pecado da infelicidade.
Manuel António Pina, in “Algo Parecido Com Isto, da Mesma Substância”
Cristino Cortes nasceu em Fiães, Trancoso. Licenciou-se em Economia em Lisboa, onde reside actualmente. A maior parte da sua actividade profissional decorreu no âmbito do Ministério da Cultura.
Autor de variadíssimas obras publicadas em diversos estilos, Cristino Cortes oferece-nos, agora, com Espuma Dos Dias Úteis — Talvez Diário (1979 – 2009), que aqui se apresenta, um reflexo do seu extenso e profícuo percurso literário e um curioso registo de impressões de um escritor a tempo inteiro, atento ao mundo que o envolve e no qual procura deixar a sua marca.
Tu, grande Mãe!... do amor de teus filhos escrava, Para teus filhos és, no caminho da vida, Como a faixa de luz que o povo hebreu guiava À longe Terra Prometida.
Jorra de teu olhar um rio luminoso. Pois, para batizar essas almas em flor, Deixas cascatear desse olhar carinhoso Todo o Jordão do teu amor.
E espalham tanto brilho as asas infinitas Que expandes sobre os teus, carinhosas e belas, Que o seu grande dano sobe, quando as agitas, E vai perder-se entre as estrelas.
E eles, pelos degraus da luz ampla e sagrada, Fogem da humana dor, fogem do humano pé, E, à procura de Deus, vão subindo essa escada, Que é como a escada de Jacó.