Deponho no processo do meu crime. Sou testemunha E réu E vítima E juiz Juro
Que havia um muro, E na face do muro uma palavra a giz. MERDA! – lembro-me bem. – Crianças...... – disse alguém que ia a passar. Mas voltei novamente a soletar O vocábulo indecente, E de repente Como quem adivinha, Numa tristeza já de penitente Vi que a letra era minha.....
Vieram pombas e sol, E de mistura com o sonho Posou tudo num telhado... Eu destas grades a ver Desconfiado
Depois Uma rapariga loura (era loura) num mirante estendeu roupa num cordel: roupa branca, remendada que se via que era de gente lavada, e só por isso aquecia...
E não foi preciso mais: Logo a alma Clareou por sua vez. Logo o coração parado Bateu a grande pancada Da vida com sol e pombas E roupa branca, lavada.