Para quê zangarmo-nos com a vida se ela continua indiferente àquilo que nós fazemos ou pensamos? Aprendamos com o mestre a apreciar a natureza e usufrui-la e saibamos adaptar-nos ao mar da vida: ora encapelado, ora manso!
Nem a propósito o poema de Torga falar de crucifixo. Às vezes acontece sermos crucificados sem merecer e isso dói como todas as injustiças do mundo real. Leitor, se é que tive algum, a finalidade do blogue era homenagear e divulgar a poesia de Torga, considero que o objectivo está cumprido por isso fico por aqui, para já. Pode ser que um destes dias retome o bordão de peregrino como disse Garrett e continue a "blogar" neste ou noutros moldes, ou pode mesmo acontecer que seja o fim. Do crucifixo só uma diferença: cada vez mais descrente da vida.
[Hoje faço uma pausa nos poemas do grande Torga e dou a voz a gente nova que também tem valor é claro - trata-se de uma poetisa novíssima e que tem poemas bem bonitos: a poesia é eterna e ai da geração que não tenha poetas!]
nos dias tristes não se fala de aves liga-se aos amigos e eles não estão e depois pede-se lume na rua como quem pede um coração novinho em folha.
nos dias tristes é inverno e anda-se ao frio de cigarro na mão a queimar o vento e diz-se bom dia! às pessoas que passam depois de já terem passado e de não termos reparado nisso
nos dias tristes fala-se sozinho e há sempre uma ave que pousa no cimo das coisas em vez de nos pousar no coração e não fala connosco.