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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

fugaCIDADEs

 

A vida vai escorrendo
breve e leve
neste Janeiro
de nevoeiro
pelos cantos lamacentos
de prédios pardacentos
grisalhos
de esforçados trabalhos
que esburaqueiam
e esfaqueiam
as calçadas paralelas
desta cidade matadora de estrelas.
E nos braços nus das árvores
pousam tímidos pardais
recolhidos de frios tais
que os próprios lanudos cães
fogem amedrontados
e atarantados
para o fundo sombrio e quente
da sua casota ; se é que tem
(porque se for vadio
dormirá ao relento
e suportará o frio
que sopra o serrano vento
da Estrela, gélido e nevado
de sincelo coroado).
 
JM
 
[Com este texto termino a publicação dos poemas que estiveram no Café Concerto. Outros irei publicando da minha autoria, em paralelo com os de autores consagrados que continuarei a divulgar, quer para celebrar efemérides, quer por gosto pessoal. Que a poesia suavize a vida!]