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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Soneto camoniano - Cristino Cortes

(I)

 

Mudam-se os tempos mudam-se as vontades
Permanecem os problemas e as confusões
- Jamais um homem se perdeu nas multidões
O vão propósito jamais ergueu uma cidade!

 

Todos os meses há chatices coisas certas
Para um dinheiro visivelmente minguante;
Desculpem-me o facto comezinho e rastejante
Possa Camões perdoar estas musas e suas ofertas!

 

Mas é este um canto nobre e digno, e até ver
Também aqui a pressão do concreto queima a asa
De quem teve um grande sonho mas ficou em casa

- Não se perdeu, ainda não, o hábito de comer!


Mudam-se os tempos e às vezes as vontades mudam
Só o homem permanece – e as questões que o animam.

 

(in “CRONOLOGIA e outros poemas”)