Soneto camoniano - Cristino Cortes
(I)
Mudam-se os tempos mudam-se as vontades
Permanecem os problemas e as confusões
- Jamais um homem se perdeu nas multidões
O vão propósito jamais ergueu uma cidade!
Todos os meses há chatices coisas certas
Para um dinheiro visivelmente minguante;
Desculpem-me o facto comezinho e rastejante
Possa Camões perdoar estas musas e suas ofertas!
Mas é este um canto nobre e digno, e até ver
Também aqui a pressão do concreto queima a asa
De quem teve um grande sonho mas ficou em casa
- Não se perdeu, ainda não, o hábito de comer!
Mudam-se os tempos e às vezes as vontades mudam
Só o homem permanece – e as questões que o animam.
(in “CRONOLOGIA e outros poemas”)