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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Eu poeta me confesso...

 

Mordi o pó, quebrada a minha lança,
E meu pendão real feito em pedaços!
Herói falhado, abandonou-me a esp`rança
Que em tempos idos me estendera os braços...


Meus olhos tão alegres em criança,
Tinham só amarguras e cansaços
Em vez do sonho que me fora herança
De avós remotos-Césares ou Tassos...


Qual mísero mendigo de longada
Batendo às portas, sem que dêem nada
À mão que leva em súplica, estendida,


Olhei as minhas pobres mãos morenas,
E vi que nelas me ficara, apenas,
Um jeito de pedir esmola à vida...

 

João Braz

 

[João Braz Machado (São Brás de Alportel, 13 de Março de 1912 - Portimão, 22 de Junho de 1993).]