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Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

Ar da Guarda

"Livre não sou, mas quero a liberdade. Trago-a dentro de mim como um destino." Miguel Torga

fugaCIDADEs

Neste Verão abrasador comi gelado

e abafei a noite torturante de angústia.

Abanado na paixão louca do momento,

viajei pela noite, sombra do tempo…

Mágica, na liquidificação da humidade,

sobre o envelope deixado na mesa,

passeia-se uma mosca nojenta,

como a política tardia do Verão,

entusiasmada de loucuras ambíguas

de sexo e SIDA à mistura…

Canetas de reclame ambíguo

fabricando clientes a engano…

De Massamá, sei o tempo de nós,

fechado na memória esguia de Verão…

Já nada é o que era, na efemeridade

das horas, grávidas de cinzento.

J. M.

[Se fosse hoje o verso 10 poderia falar da gripe A; na altura em que escrevi o poema a "coqueluche" do Verão era mesmo a SIDA! Sinais dos tempos!]