fugaCIDADEs
Neste Verão abrasador comi gelado
e abafei a noite torturante de angústia.
Abanado na paixão louca do momento,
viajei pela noite, sombra do tempo…
Mágica, na liquidificação da humidade,
sobre o envelope deixado na mesa,
passeia-se uma mosca nojenta,
como a política tardia do Verão,
entusiasmada de loucuras ambíguas
de sexo e SIDA à mistura…
Canetas de reclame ambíguo
fabricando clientes a engano…
De Massamá, sei o tempo de nós,
fechado na memória esguia de Verão…
Já nada é o que era, na efemeridade
das horas, grávidas de cinzento.
J. M.
[Se fosse hoje o verso 10 poderia falar da gripe A; na altura em que escrevi o poema a "coqueluche" do Verão era mesmo a SIDA! Sinais dos tempos!]